sábado, 18 de agosto de 2007

O dispensável, indispensável...



Ouvi esses dias, uma pessoa dizendo, “O carnaval é uma coisa dispensável”... Será?
Você Imaginaria...
Ver Portugal, sem fado? Espanha, sem tourada? Itália, sem macarrão? Argentina, sem Tango? Pois é...
O carnaval Brasileiro, assim como outras manifestações, faz parte única e exclusiva da nossa cultura. Ele durante anos, foi reprimido e hoje têm seu reconhecimento internacional, assim, como lembramos da cultura dos outros países, também se lembram da nossa, prova, que não somos apenas “tupiniquins”, abaixo da linha do Equador, e que nossa capital não é Buenos Aires!
A pessoa que fez este infeliz comentário, não tem noção da proporção do carnaval... é claro, já ouvi dizer, “o dinheiro gasto poderia ser investido em outra coisa”.
Bem, agora vamos analisar.
Pra quem não sabe a escola de samba não é apenas diversão, é trabalho e duro! Não consiste apenas nos 70 minutos de avenida, mas existem os bastidores, que só quem está no meio conhece. Vou me restringir apenas a Unidos de Vila Maria.
Prestem atenção no título “G.R.C.S.E.S. Unidos de Vila Maria”, O que são as letras que iniciam o título? ... (Grêmio Recreativo Cultural e Social Escola de Samba), ou seja, a escola também esta comprometida com estes princípios, tanto é que isso é uma exigência da secretaria de cultura, as escolas devem apresentar seus projetos sociais, pois sua verba pode ser restringida.
No nosso caso, um pequeno passeio pelo site oficial, (http://www.unidosdevilamaria.com.br/) percebe-se que a “vila” possui vários trabalhos sociais, tais como, oficinas de teatro, capoeira, música, violão, cavaquinho, bateria, oficina de áudio visual, estúdio de gravação de CD, alfabetização de adultos, apoio na área da saúde, como médico, dentista, fisioterapia, e até um cinema. (obs: nos casos onde há projetos que incluam crianças, é indispensável apresentar boas notas escolares para participarem).
Fora isso, devemos lembrar que o carnaval, como trabalho é uma forte indústria de emprego. Contratando todos os anos, vários profissionais de diversos setores, isto não se reflete apenas nas escolas de samba, mas também em vários outros:
Exemplo: as escolas contratam pessoas, que geram o carnaval (carnavalescos, costureiras, aderecistas, desenhistas, escultores, técnicos de diversas áreas, soldadores, intérpretes, assessoria de imprensa...) A Anhembi turismo por sua vez, contrata profissionais para a logística do carnaval, (seguranças, técnicos de som, iluminação, organizadores, empresas que prestam serviços diversos...) com este evento aquece também o mercado de turismo, (hotéis, hospedagens, traslado, reservas de automóveis, passagem de avião...).
Na verdade as escolas de samba, não só dão diversão, vão mais além... Aquele pai de família que não vê oportunidade no mercado de trabalho e que graças ao serviço de soldador, pode dar sustento aos seus filhos, ou aquela costureira, que devido ter ficado com idade avançada não conseguia emprego pra pagar o aluguel, ou aquele jovem que aprendeu a tocar cavaquinho e hoje é músico, e aquela que iniciou como rainha de bateria agora é atriz (Adriana Alves), ou aquele ex-mestre-sala que foi dos Gaviões e que agora é ator (Ailton Graça), ou até mesmo a mim, que por causa do carnaval, fui representá-lo em Portugal e Angola. E digo mais, outros que estão lá fora, levando honrosamente, não só o samba, mas a nossa cultura, nossa identidade, nossa nação, e que de lá ajudam seus familiares aqui e muitas vezes, dançam com saudades e lágrimas. Agora volto a questão... o carnaval é dispensável? Ele pelo menos fornece algo à população (quer seja divertimento ou trabalho). Prefiro fazer parte do "dispensável" e colaborar, mesmo que através destas linhas, do que falar "o dinheiro poderia ser gasto com outras coisas", disse bem, PODERIA... Neste Brasil onde milhões e milhões de reais, são desviados de cofres públicos, será que realmente este dinheiro chegaria à quem realmente merece, acredito que não...
O carnaval prioriza a pessoa humana, e faz a vezes do próprio estado, (diga-se de passagem obrigação deles) realizando tais projetos citados acima. Gera oportunidades, porem, antes de dar as pessoas o que delas pode ser consumido, ou até por vezes "tomado" pode dar algo que é intrínseco...
... CONHECIMENTO E DIGNIDADE.

sábado, 11 de agosto de 2007

O casal de Mestre-sala e Porta Bandeira e um pouco de sua história...

A história dos casais de mestre-sala e porta-bandeira é até um tanto curiosa, na época dos Barões de Café, em suas fazendas era realizado o entrudo (carnaval típico, vindo de portugal), como este era tipicamente europeu, a dança era completamente clássica, grandes bailes, com fantasias de época, como pierrôs, alerquins, reis, rainhas e por ai vai...
Toda a "casa grande" (nome dado a casa sede da fazenda), tinha um casal de escravos, que acompanhavam toda essa movimentação da festa "dos brancos", claro sem participarem, ficavam observando como eles se comportavam.
Uma vez por semana voltavam à senzala, e como era carnaval, "negro" tambem tinha sua manifestação cultural, com tambores e atabaques... Enquanto o resto dos negros sambavam, este casal por sua vez, ficavam imitando (por chacota) os barões e baronesas, dançando o minueto francês e mostrando como era o comportamento na casa grande.
Com a evolução dos tempos, o entrudo virou cordão, que posteriormente viraria escola de samba, exemplos: Camisa-verde e Vai- Vai.
Como a figura do estandarte, sempre houve desde a criação do entrudo, mas era carregado por homens, passou-se as mulheres esta função, recordando as épocas mais antigas resolveram inserir o mestre-sala, para defender o pavilhão, pois dançando poderia impedir que outros tomassem seu estandarte. uma nota: o mestre-sala dançava, portando nas mãos três instrumentos: lenço, bastão ou leque. (e há o caso da espada, mas muito raro de ser visto)
esses três instrumentos na verdade eram armas disfarçadas, no lenço, havia um canivete ou faquinha, o bastão era pra bater em alguem, e o leque tinha sua lateral afiada ou uma navalha presa, pra caso se alguem esconstasse na porta-estandarte não pudesse tomar o simbolo máximo de sua entidade.
Ainda hoje, dança-se com tais instrumentos porem não há mais armas.
O casal, são os "imperadores" de uma quadra (pode-se notar que o carnaval em si é uma côrte, com reis momo, rainhas e etc.) os mesmos tinham e têm de dançar de forma diferente dos demais, é um bailado, com suas origem no minueto.
A dança consiste, no casal apresentarem o seu pavilhão com elegância, sincronia e sorriso e os dois dançarem em sentido horário e anti-horário, nunca se chocando, escostando o joelho no chão, "parando" um de costas pro outro e pasmem... sem se falarem ! o tempo todo sorrindo ou apenas cantando o samba da escola. se o jurado perceber que o casal está falando, perde ponto!
Hoje, em São Paulo existe a AMESPBEESP, (associação de mestre-salas e porta-badeiras e estandartes do estado de São Paulo). presidida pelo Mestre "Gabi", (embaixador do samba paulistado e mestre-sala eterno do camisa-verde e braco, único com este título)
Esta Instituição é itinerante, e a cada ano está em uma escola de samba diferente, dando assim seqüência a mais nobre arte do mundo do samba, o qual singelamente são entitulados por...
...“cisnes da passarela”.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

O Pavilhão


É lógico que como mestre-sala, inicio com o tema que mais prefiro, o PAVILHÃO.
Mas o que é o pavilhão ?
Pavilhão (ou popularmente conhecido como Bandeira) é o símbolo máximo de uma agremiação carnavalesca, pois é a representação física e palpável, da instituição, e como tal tem suas honras e reverências particulares, devendo sempre ser saudado pelos que o portam e aos que ele é dirigido (a quebra de tal protocolo é considerado falta de respeito, pelo pavilhão e pela escola de samba).
Os casais de mestres-sala e porta-bandeiras, são considerados os imperadores de uma quadra, devido tal honra e reponsabilidade, nunca se curvam e tambem não sambam, sua dança constitui num bailado próprio.
Um pavilhão possuí suas particularidades, é nele que contêm as cores, o nome e a data de fundação, que na verdade em São Paulo, só está contido no pavilhão oficial, ou seja o que pertence ao 1º casal, nota: o jurado indentifica o casal a ser julgado, por estas informações contidas no pavilhão, se houver a placa "1º casal" e o mesmo perceber que não há estas informações, ele certamente descontará, consideráveis pontos.
E os outros casais?
O Pavilhão dos demais, seguem uma ordem, o 2º casal, levará sempre o enredo do ano, ou seja o "tema", a falta deste pavilhão nas escolas do grupo especial, acarreta perca de 10 pontos. aí fica a critério da agremiação, deixar apenas os dois casais ou colocar mais. Se houver mais, os seus pavilhões, poderão, tanto ser uma derivação do tema ou do pavilhão oficial (com as cores e símbolos, mas sem data!).
Segundo o Presidente da AMESPBEESP (associação de mestre-salas e portas bandeiras e estardartes do estado de São Paulo) o Mestre "Gabi", o pavilhão é uma derivação do antigo estandarte, de blocos carnavalescos.
Com a evolução, dos tempos e o surgimento das escolas de sambas, o estandarte sofreu alteração devido a inserção do personagem "mestre-sala". Antigamente, quando os blocos se encontravam, o objetivo era "tomar" o estandarte da outra agremiação, e devolvê-lo somente no ano seguinte. Então, houve a necessidade de colocar um homem, andando ao lado da porta-estardarte para protegê-la, por que quando isso ocorria era uma verdadeira briga. Este homem com o tempo começou a dançar apenas de brincadeira e depois sendo inserido na dança.
Como o estandarte é uma flâmula na vertical (ou seja em pé) ele não tinha como alcançá-la, então a reformulação do estandarte, foi quase que uma necessidade, posteriormente virando uma Bandeira.
Hoje, o pavilhão tem medidas oficiais (1,20 x 0,90) mas não é uma regra obrigatória. Escolas de grupos menores, devido a carência de valores e até de pessoas, têm por obrigação portar apenas um único pavilhão, o oficial.

Como conheci a Unidos de Vila Maria...

Conheci a Unidos de Vila Maria em 1998, quando ela acabara de subir para o grupo 1A, fui convidado para ser aderecista da escola, pelo antigo presidente Marcelo Muller.Quando cheguei, a primeira imagem que vi foi um pequeno barracão, com uma quadra de futebol ao lado e muito mato em volta, parecia um lugar "abandonado".mas percebi que não, conheci muita gente boa, e fui recebido como numa família, até porque naquela época, devido a escola ser "pequena" todo mundo conhecia todo mundo... e fazíamos de tudo um pouco, e foi numa dessas que eu de aderecista, virei mestre-sala em uma emergência, pois o 2º mestre-sala havia abandonado (já que ele conciliava, uma escola do grupo especial e a ela dava preferência).Sorte minha !!!desde 1998 à 2002 dancei como 2º mestre-sala da escola, infelizmente depois do falecimento de minha porta bandeira (Mirian Dias),acabei me afastando da dança, mas frequentando a escola e sempre apaixonado pelos casais de mestre-salas e porta-bandeiras.
Neste blogg quero colocar as curiosidades e personalidades da Unidos de Vila Maria e tambem pequenas matérias sobre as curiosidades do carnaval.
então sejam todos bem vindos!
porque, Vila Maria é um Bairro de Tradição, Vila Maria você mora no meu, no seu, no nosso...CORAÇÂO !!!

Márcio Avelino
3º mestre-sala da escola
estudante de jornalismo.